terça-feira, 17 de setembro de 2013

Débora, a vendedora de sorvetes do Itaquerão

Vou aproveitar este espaço para postar matérias um pouco fora do universo pop. Desde o começo do mês, faço parte do curso de focas do Estadão, que é uma espécie de trainee do Grupo Estado. Como não é todo material que produzimos que é publicado nos veículos da empresa, vou colocar alguns por aqui. O primeiro trabalho foi um desafio pra mim (mineiro que conhecia muito pouco de São Paulo). Visitamos Itaquera, na zona Leste da capital, e tínhamos que garimpar uma pauta na região. Foi em um passeio pela Arena Corinthians que conheci Débora, uma moça muito simpática e com uma história bem bacana. Confira:

Débora Silva dos Santos, de 26 anos, é mais uma entre os milhares que têm participado da construção da Arena Corinthians, o Itaquerão, em São Paulo. Ela não faz parte do quadro de 1.546 funcionários que trabalham no local, mas encontrou no projeto do novo estádio uma forma de garantir sua renda mensal. Desde o início da construção, há pouco mais de dois anos, a jovem vende diariamente picolés para operários e outros trabalhadores, em uma barraca improvisada entre as máquinas e contêineres do canteiro.

Débora vende sorvetes há seis anos. No início, trabalhava caminhando pelas ruas de Itaquera, até que um dia, um amigo a aconselhou a tentar a sorte no entorno das obras do estádio. A oportunidade deu certo e ela conta que, agora, quase sempre volta para casa com o carrinho vazio. “Na semana de pagamento (dos operários), eu levo 200 para vender. Em outros dias, vendo uns 150. Eu trabalho sozinha e me viro nos 10, nos 30, nos 60”, brinca orgulhosa. O movimento é ainda melhor no sábado, quando chega a vender mais de 300 picolés para turistas e torcedores que visitam a arena.

No entanto, Débora vê pouco da renda gerada pelos sorvetes. Ela trabalha como vendedora e empregada doméstica para a dona da casa onde mora, em Itaquera. Com o trabalho, a jovem não paga pelos custos da moradia e recebe R$ 10 por dia. A rotina começa logo pela manhã. Ela demora cerca de uma hora e meia para levar o carrinho a pé até o estádio. No horário do almoço, o movimento é cheio e ela costuma vender mais de 50 picolés. A jornada de trabalho dura até as 18h, quando os ônibus dos funcionários começam a sair da obra após o turno de trabalho. E assim passa a semana, de segunda a sábado. “E, domingo, quando estou de folga, fico em casa para arrumar as coisas. A casa não fica limpa sozinha, não”, explica.

Com os anos de Itaquerão e quase nenhuma concorrência, a clientela já virou amiga e, para alguns, Débora já sabe o sabor do picolé antes mesmo de a pessoa pedir. Durante a conversa com a reportagem, o diretor de contrato Antônio Gavioli, da Odebrecht, construtora responsável pelas obras no estádio, passou pelo carrinho e pediu para que a jovem voltasse à arena na manhã seguinte, no feriado do Dia da Independência, para trazer 100 picolés para um grupo de visita oficial ao estádio.

Segundo a vendedora, com o tempo, ela acabou criando amizades e muitos funcionários ficam ali, em volta da barraca improvisada, para botar o papo em dia, durante o horário de almoço. Débora conta que até um clima de paquera às vezes acontece, mas, compromissada, ela logo ignora. “Quando rola, eu finjo que não escuto. Estou aqui para trabalhar. Tem que ter foco, rapaz.”

E o foco de Débora começou cedo. Sergipana de Aracaju, ela chegou a São Paulo com 11 anos de idade. Caçula entre 10 filhos, veio acompanhada da mãe que iria tratar de um problema cardíaco na capital paulista. Aos 16, sua mãe não resistiu às doenças e faleceu. A jovem, então, buscou abrigo com uma de suas irmãs, que já morava na cidade. Há seis anos, após um desentendimento com a parenta, ela se mudou para a casa de sua atual patroa, em Itaquera.

O resto de sua família continua em Sergipe, onde seu pai mora. Com o orçamento apertado, Débora lamenta não poder visitá-los – a última vez que regressou a sua terra natal foi há 10 anos. Mas, confessa não ter desejo de voltar a morar no Nordeste. Seu objetivo de vida é continuar os estudos e se tornar enfermeira. “No tempo em que fiquei no hospital com a minha mãe, eu vi o amor e dedicação com que elas trabalham. Me apaixonei pela profissão”, conta. E o plano já está mais ou menos arquitetado. Um conhecido lhe passou arquivos com simulados de vestibulares para se preparar, enquanto mantém a rotina no canteiro de obras do Itaquerão, que vão pelo menos até 31 de dezembro.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Novo álbum do Arcade Fire sai em outubro

Boa notícia para quem, assim como eu, é fã do Arcade Fire. Pelo Twitter, a banda anunciou que o novo álbum sai no dia 29 de outubro. A confirmação surgiu em resposta a um fã, com a imagem que poderá ser do disco.

Ainda não se tem muita informação sobre esse novo trabalho, mas já se sabe que tem a participação de James Murphy, do LCD Soundsystem. Outro fato que poderá influenciar o disco é o nascimento do filho de Win Butler e Régine Chassagne. Será que teremos canções inspiradas nessa nova fase deles?

Enquanto isso, matamos um pouco da ansiedade com a possível capa do disco. =)